02/06/2010

SETUF - Carta aberta aos Estudantes

Carta aberta aos Estudantes

As empresas do transporte coletivo de Florianópolis vêm, nesta oportunidade, abrir um canal de comunicação com a população da Capital e com os estudantes, que diariamente constroem uma parceria conosco. Esta relação duradoura, que inicia no ensino fundamental, segue até a universidade e continua na vida profissional, envolve tanto os usuários do transporte, as empresas privadas e o poder público, que efetivamente controla o serviço. Por isso, consideramos essencial esclarecer alguns pontos à sociedade, em especial aos estudantes que participam do movimento contra o reajuste tarifário.

O valor da tarifa é um resultado matemático dos custos incorridos no sistema, obtido pela planilha tarifária da Prefeitura Municipal de Florianópolis, que foi periciada pela Justiça Estadual. Esta planilha é um documento público, acessível a todos os moradores da cidade que requererem uma cópia junto à Prefeitura – não há, portanto, nada a esconder da população.

Para se ter uma ideia, o custo real de uma passagem na Capital é de R$ 2,80 – isso antes do reajuste deste mês. A tarifa média reebida pelas empresas é R$ 2,17 (pois há a tarifa social, meia passagem para estudantes e gratuidades diversas) e o subsídio pago pela Prefeitura é de R$ 0,15, somando um valor médio de R$ 2,32. Ou seja: a cada vez que um passageiro passa pela catraca há um prejuízo de R$ 0,38 para o sistema, que é administrado pelas empresas.

A tarifa é resultado de vários fatores:

1) Falta de mobilidade urbana
A cidade cresce, o número de veículos nas ruas aumenta e os engarrafamentos se tornam um incômodo constante. Nos horários de pico, os ônibus andam em média a 6km/h, enquanto o ideal para não provocar atrasos é de 20km/h! Com os ônibus transitando a velocidades reduzidíssimas em função dos congestionamentos, há aumento do desgaste dos veículos, do custo de manutenção e do consumo e combustível. 
 Nos últimos anos, para compensar o aumento no tempo dos percursos decorrentes dos engarrafamentos, as presas aumentaram o número de ônibus na cidade (eram 402 em 2003, hoje são 466 em circulação), mas a situação é tão crítica que a população não consegue usufruir desta expansão na frota, que foi suficiente apenas para manter os horários oferecidos.

A consequência mais grave é o inevitável aumento nos custos (mais quilometragem, mais frota, mais pessoal, mais combustível, mais peças mas o mesmo número de passageiros), que impossibilitam qualquer investimento na melhoria do serviço.

      2) Falta de políticas públicas
Os governos federais e estaduais, dentro de suas competências legais, não têm políticas públicas para o transporte coletivo. Uma saída seria a redução de IPI, COFINS, PIS, ICMS e encargos sobre a folha salarial. Por ser um serviço essencial à população, o transporte público deveria ser incluído na cesta básica do país.

                                              3) Política tarifária
Cabe à Prefeitura determinar a forma de cobrança e os valores da tarifa: integração tarifária plena ou pagamento parcial do segundo deslocamento. A atual política tarifária onera muito os passageiros das linhas curtas, que buscam outras alternativas de transporte – entre elas o veículo particular ou motocicleta – que aumentam os congestionamentos nas vias urbanas e todos os problemas decorrentes.

4) Incentivo ao uso de veículo particular
Enquanto faltam ações para facilitar o transporte coletivo, o governo federal incentivou a aquisição de veículos particulares com a redução do IPI, o que aumentou significativamente o volume de carros nas ruas – e com isso os engarrafamentos.
  
Por um transporte melhor e mais barato para todos! 
Consideramos legítimo o movimento dos estudantes e gostaríamos de ver esta mobilização fortalecida por outras categorias na luta por um transporte melhor e mais barato, atuando diretamente nas causas que constroem um sistema de transporte coletivo e eficiente. A questão tarifária é, como falamos, um resultado matemático em função das condições políticas e econômicas de funcionamento do serviço.
É preciso lutar pelo incentivo ao transporte coletivo sobre o individual, priorizando a circulação por corredores ou vias exclusivas e defendendo uma tributação federal e estadual mais justa que resulte em benefícios diretos aos usuários.
Florianópolis, 27 de Maio de 2010
SETUF
Sindicato das Empresas
do Transporte Urbano
da Grande Florianópolis
http://www.setuf.com.br/

Matéria Adap.: Diogo Carvalho/No Trajeto     Imagens: Diogo Carvalho
Obs: Agradecimento ao presidente do Setuf: Sr.Waldir Gomes da Silva

4 comentários:

  1. seja: a cada vez que um passageiro passa pela catraca há um prejuízo de R$ 0,38 para o sistema, que é administrado pelas empresas. ISSO É UM INSULTO A NOSSA INTELIGêNCIA !

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  2. Já fiz meu comentário a essa carta em http://helenagunther.posterous.com/minha-resposta-a-ridicula-carta-aberta-do-set

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  3. Interessante esta constatação das empresas de que a falta de mobilidade urbana é um dos elementos que aumenta o custo da tarifa. Nunca vi uma campanha publicitária das empresas estimulando o uso do transporte coletivo, ou iniciativas como a carona para vizinhos que voltam do trabalho em horários próximos. Muito fácil colocar a culpa nos governos quando não se faz a sua parte. Outra coisa é orientar melhor a população sobre a integração de linhas. Em alguns pontos da cidade, escolher a linha faz toda a diferença na maior ou menor rapidez para chegar ao destino. Aguardamos ações e saídas inteligentes.

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  4. Ao meu ponto de vista o aumento foi um incentivo a mais para o aumento de tráfego de veículos particulares. As pessoas que possuem carro próprio não estão vendo vantagem em andar de ônibus, então saem com seus veículos, saindo com seus carros eles estão colaborando aumentar as vias, ai os ônibus tem que ir mais devagar, gastando mais combustivel e tendo um maior desgaste na frota, ai ocorre outro aumento nas passagens, as pessoas diante a isso acham mais vantagens sair com seus carros, ou seja, isso é uma reação em cadeia criada pelas empresas de transporte coletivo, se eles pensassem em atrai as pessoas para utilizar o transporte público ia ser uma ótima solução, mas atrair as pessoas não é aumentar as passagens, é diminuir, e ótimo mesmo seria se a frota das empresas fossem ao menos conservadas, não citando nome de empresa, mas eu utilizo a linha TIRIO/TICEN e tem alguns ônibus que dá medo de andar e possuem acentos desconfortáveis, nem dando de se posicionar de uma forma confortável, entenda forma confortável sentar com uma postura correta.

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